Hoje teremos mais um episódio dos cuidados com o veleiro…
Parte 3 – fundo do veleiro
Para veleiros com casco de fibra
.
.
Por Marcelo Visintainer Lopes
Escola de Vela Oceano
.
A famosa “tinta venenosa”!
É a primeira coisa que pensamos quando falamos em “fundo”, não é mesmo?
As tintas “venenosas” possuem biocidas na formulação e são aplicadas com a finalidade de combater a formação das comunidades bioincrustrantes.
Estas espécies reduzem a velocidade do barco e também causam entupimento e falhas de sistemas básicos como saídas de esgoto e entradas de água.
É importante lembrar da tinta não só como anti-incrustrante, mas também como impermeabilizante do gelcoat que está entre a tinta e o laminado.
O gel e o laminado de fibra possuem a capacidade natural de absorver umidade e as camadas de tinta ajudam bastante nessa questão.
Ao meu ver o maior problema não está no crescimento das cracas e na dificuldade de retirá-las e sim na perda de espessura da tinta e na consequente redução da sua característica impermeabilizante.
Resumidamente: me preocupo mais com a absorção de umidade do que com as cracas.
A retirada das cracas é infinitamente menos problemática do que a umidade entrando no laminado do casco.
Entre o gel e o anti-incrustrante estão as camadas de aderentes que somam espessura e ajudam na impermeabilização do gelcoat.
Muitos dos focos de osmose permanecem invisíveis por anos, dificultando o diagnóstico precoce.
A capacidade de absorver umidade pode gerar desde pequenas bolhas de osmose até grandes áreas de delaminação.
A perda de resistência mecânica do laminado é a maior consequência causada pela umidade no casco e por isto é tão importante realizar uma avaliação minuciosa do fundo antes de realizar a compra de um veleiro.
A aplicação da resina epóxi sobre o gelcoat lixado é uma importante medida preventiva.
A resina epóxi lacra o fundo e impede a absorção de umidade.
Em seguida são aplicadas as mesmas camadas de aderentes e anti- incrustrantes…
Desta forma, mesmo quando a tinta venenosa estiver vencida o casco não absorverá umidade.
Enquanto os anti-incrustrantes comuns pedem reaplicação anual, os de resistência aumentada conferem até 10 anos de proteção.
.
Manutenção
– Uma esponja deve ser utilizada logo no início – quando as tintas ainda são novas (primeiros meses da aplicação). A remoção da maioria das espécies é bem tranquila.
– Espátula de plástico é a solução seguinte – passados alguns meses e com cracas ainda bem pequenas.
– A espátula de aço é utilizada nos casos de incrustrações mais severas, pois a de plástico quebra.
– A esponja deve ser utilizada toda vez que desejamos reativar o anti-incrustrante.
– A espátula de aço deve ser utilizada com moderação, pois remove a tinta, risca o fundo e retira a proteção da tinta (deixando o gel exposto).
– O intervalo de tempo entre uma limpeza e outra dependerá muito do local de guarda.
Locais com água muito parada e grande quantidade de carga orgânica exigem manutenção mais constante, já que as espécies crescem com muita rapidez.
Locais de água corrente e limpa exigem menos manutenção no fundo.
.
Bons ventos!