Escola de Vela Oceano – detalhe da vela grande no mastro

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Por Marcelo Visintainer Lopes

Escola de Vela Oceano

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Iniciamos hoje a série “CUIDE BEM DO SEU VELEIRO” e o primeiro tema é sobre as VELAS.

Embora possam parecer indestrutíveis, as velas sofrem muito com  o uso constante e com ação da natureza.

Os materiais utilizados na sua confecção são muito resistentes no início, mas após alguns anos de uso eles perdem a resistência.

As velas exigem atenção e cuidados constantes. Sinais de rasgos, furos ou descosturas devem ser prontamente reparados de forma a evitar estragos maiores logo ali na frente.

Existem adesivos específicos para o conserto rápido, mas sempre que possível devemos levá-la até uma veleria.

Uma das maneiras de evitar o desgaste precoce é impedir (ou pelo menos tentar impedir) a panejada da valuma.

Se compararmos o tecido da valuma e da testa dá pra entender o que eu estou falando. Ao tocar no tecido da testa dá pra perceber que o tecido está quase novo em relação à valuma. Ele fica mais macio e com muitas “estrias”.

As estrias são pontos onde o tecido “quebrou” e é ali que a vela vai rasgar no futuro.

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O SOL

Os raios UV queimam o tecido e a linha de costura, levando ao envelhecimento e à descostura.

Quando estamos velejando não temos como evitar o sol, mas quando parados, a capa da vela e a proteção da valuma da genoa nunca devem ser dispensadas. 

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O SAL

O sal retém água, ajuda a produzir o mofo leva ao apodrecimento do tecido e da linha.

Antes do lazyjack e do enrolador de genoa serem inventados as velas eram montadas e desmontadas a cada velejada.

Tínhamos um cuidado enorme com elas.

Água doce, secas na sombra e depois guardadas enroladas.

Era bem comum uma vela durar mais de 10 anos.

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Falando em lazyjack…

Duas dicas:

1. Abra-o e deixe a vela arejar sempre que possível, ainda mais após os períodos de chuva. Se puder subir a vela, melhor ainda…

2. Ao baixar a vela, acomode as dobras de maneira que o tecido quebre o mínimo possível. Basta puxar toda a vela pela valuma em direção à ponta da retranca. Faça isto em todas as dobras da vela. Comece pela ponta da retranca e vá acomodando a vela até chegar no mastro.

3. Telas costuradas no fundo do lazy ajudam a arejar a vela.

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PONTOS DE ATENÇÃO NA VELA GRANDE

Existem alguns pontos da mastreação que apresentam contato direto com o tecido e apresentam maior chance de danificar a vela.

1. Pontas das cruzetas (furos e rasgos por fricção).

Como evitar? Colocar proteção nas pontas das cruzetas e reforços de tecido no local de contato.

2. Ganchos dos rizos no garlindéu – a vela pode trancar na subida e rasgar.

Como evitar? Afastar todas as dobras da testa dos ganchos antes de subir a vela.

3. Junto ao nó de rizo na retranca. Os pontos de rizo podem vincar e rasgar a vela quando o rizo é caçado.

Como evitar? Baixar o lado de barlavento do lazyjack e visualizar o que está ocorrendo com a vela durante o processo de rizo. Enquanto o cabo do rizo vai sendo caçado a vela deve ser acomodada aos poucos por baixo do cabo. Se mascar a vela, folgue um pouco e safe o tecido.

4. Na ponta das bolsas de tala junto ao estai de popa. O contato constatante vai puindo o tecido e danificando as costuras.

Como evitar? Costurando reforços de couro na ponta da bolsa de tala que faz o contato, cortando um pedacinho da tala (às vezes é a tala que está saindo pra fora da bolsa), folgando o estai de popa durante as cambadas ou utilizando a talinha de fibra no tope do mastro (afasta o estai de popa da valuma).

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PONTOS DE ATENÇÃO NA GENOA

1. Nas pontas das cruzetas.

2. Nos estais laterais.

3. No púlpito de proa.

4. No cabo de aço do guarda mancebo.

5. Nas cupilhas e contra pinos do cabo de aço do guarda mancebo.

6. No mastro.

7. Na luz de cruzeta.

8. Nas antenas de radar e similares.

9. Nas emendas do perfil do enrolador.

10. No segundo estai junto à proa (baby ou estai volante).

O que fazer ou como evitar?

O ideal é que a vela não tivesse contato com nenhum tipo de material que pudesse danificá-la, mas na genoa isto é praticamente impossível.

O jeito é colocar proteção em todos os pontos de contato (tanto na vela quanto nos pontos mais agudos).

As bujas de punho alto não entram em contato com a maioria destes pontos e sempre apresentam uma durabilidade superior.

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Limpeza:

Pequenas manchas de mofo podem ser retiradas com água, sabão líquido neutro e esponja (amarela).

Nunca esqueça de secar (preferencialmente na sombra).

Casos mais severos podem utilizar solução de água sanitária a 10% com esponja. Lave em seguida.

Pequenas manchas de ferrugem podem ser retiradas com “Semorin Tira Ferrugem”. Aplique água e sabão neutro em abundância logo após a aplicação do produto.

O Semorin deve ser aplicado com luvas de borracha, pois ele queima a mão.

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Bons ventos e até o próximo episódio de CUIDE BEM DO SEU VELEIRO!

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