Por Marcelo Visintainer Lopes – instrutor de vela

Escola de Vela Oceano

Aqui está o conteúdo da “avaliação de veleiros usados”.

Você poderá começar a visitar os primeiros barcos e se tiver dúvidas sobre os itens me chame no whatsapp (48 988113123).

Separei os itens da avaliação por setor (convés, elétrica, hidráulica, interior etc.) para que você não fique andando aleatoriamente de uma lado para o outro.

Imprima algumas cópias desta listagem e parta para a ação.

A primeira análise é feita com o barco fora d’água e se tudo estiver ok, siga com a avaliação. Do contrário, agradeça pela atenção e siga para o próximo barco!

O casco deverá estar devidamente limpo e livre de algas e cracas.

Sei que não é fácil retirar um barco da água, mas não estou tirando o barco por opção e sim por obrigação! Não faz nenhum sentido você perder tempo avaliando todo o resto e deixar a análise do fundo para depois ou para nunca.

Comprar um barco sem tirá-lo da água pode significar problemas no futuro, pois se houver osmose generalizada ou delaminação, dificilmente você conseguirá reverter o problema com 100% de êxito.

Defeitos menores como vazamentos, folgas e desalinhamentos são facilmente resolvidos, mas a deterioração da fibra não.

Não esqueça de anotar a marca, o ano, o modelo, o valor e os contatos do broker. Desta forma você vai evitar confusão na hora das comparações.

1. Com o barco fora d’água:

Teste de apoio no berço da carreta (verificação de deformações). Normalmente quando o casco é pouco espesso ele tende a afundar quando apoiado no berço. Trincas e muitos pés de galinha deverão surgir (a maioria invisível ao olho humano).

Imagine agora que este barco já passou por esta situação inúmeras vezes (pelo menos a cada subida para pintura). A resistência mecânica do laminado vai diminuindo e a minha confiança no barco também!

Barcos de regata costumam ter carretas com berços mais largos e muitas vezes recebem o apoio de pneus para aumentar a área de contato.

Pés de galinha na fibra, rachaduras, arranhões e batidas em todo o fundo.

Osmose visível/histórico (o ideal é conversar com quem pintou o barco da última vez.

Possuem aparência de bolhas e podem ser confundidas com bolhas de pintura. Se você apertar a bolha de pintura ela estoura e a osmose não.

Delaminação. Pode ser percebida pelo som oco (vazio) ao toque dos ossinhos dos dedos e, preferencialmente, ao toque de um martelo fenólico.

Encontre partes sem o som oco e depois volte para o local onde o som oco surgiu.

A delaminação poderá ser pequena ou grande e quanto menor o tamanho, menor será o problema e o custo para estancá-la.

Se grandes áreas forem afetadas procure a avaliação de um engenheiro naval. O pessoal que trabalha com fibra adora dizer que é fácil resolver!

Dependendo do local ela pode colocar em risco a resistência estrutural.

Pintura de fundo. Partes brancas do gel aparecendo e desgaste demasiado de cor demonstram a necessidade de repintura.

Gel do costado. Procure saber se o gel é original ou o barco foi pintado. Normalmente barcos pintados apresentam um brilho diferente do gel original e podem apresentar uma textura parecida com “casca de laranja”.

Folga no eixo do leme.  Folga mínima é normal, mas muita folga indica desgaste do embuchamento e o indicado é refazer as buchas. Segure o leme bem por baixo e tente balançar.

Folga nas ferragens macho e fêmea do leme externo.  Não deve apresentar folga nenhuma e se apresentar o correto é preencher com solda as ferragens mais desgastadas ou substituir as ferragens. Segure o leme por baixo e tente balançar.

Ligação da quilha com o casco (rachaduras, pés de galinha, umidade…). Segure a quilha por baixo e tente balançar para os lado. Ela não pode apresentar nenhum tipo de movimento (zero). Se balançar peça para alguém subir no barco para localizar os pontos que estão trabalhando. Este problema é estrutural e muito grave. Envolve diretamente a avaliação de um engenheiro naval.

Batidas na quilha, deformações e arranhões mais profundos. Grandes marcas de batida junto ao bordo de ataque da quilha são indicativos de que uma pedra ou algo muito duro cruzou o rumo do barco. Fortes pancadas podem causar prejuízo estrutural grave, ainda mais se a marca possuir fama de “casca de ovo”. Barcos rígidos e bem reforçados apresentam menos danos estruturais quando encontram algo mais duro pela frente.

Verificação do percentual de umidade do casco. Deve ser feito aleatoriamente em diversas partes do casco e também nas áreas onde há indício de osmose. Se colocado diretamente no ponto de osmose, o medidor indicará umidade bem acima do resto do casco. Para saber se o casco está com percentual de umidade alto é necessário que você faça comparações com outros cascos que saíram da água a pouco tempo e que estão no pátio de serviço.  Faça uma medição em um barco que está fora d’água a bastante tempo e compare os números.

Alinhamento do eixo do motor. Gire o eixo e perceba se há empenamento visível e muito peso (resistência) ao girar o hélice em ponto morto. Este item será melhor avaliado no teste dentro d’água.  

Pé de galinha do eixo do motor. Tente mexer para os lados e verifique trincas e pés de galinha. Não pode apresentar folga.

Estado geral da rabeta do motor.

Estado dos anôdos de sacrifício.

Alinhamento da quilha e leme. Vá bem para trás da popa, fecha um olho e perceba o alinhamento. O ideal é o barco estar nivelado lateralmente. Com um nível a laser o desalinhamento é facilmente denunciado. Se for pouca coisa não é problema, mas se o desalinhamento for muito gritante, o correto é baixar a quilha, reaplicar Sikaflex e realinhar (com a ajuda do nível a laser).

Hélice (estado geral).

Flanges de entrada e saída de água e tomadas de refrigeração do motor.

Sensores dos instrumentos.

Quilha de ferro ou chumbo?

Anote o calado.

2. Convés:

– Convés pintado ou gel original

– Estado geral do antiderrapante

– Estado geral do gel

– Trincas, rachaduras ou pés de galinha

– Dureza do convés, cabine e cock-pit

– Inox (pilastras, púlpitos etc)

– Bimini

– Dog house

– Lazy jack

– Capa de vela

– Capas de proteção de convés ou gaiutas

– Toldo de retranca

– Verniz externo

– Adriças

– Cana de leme

– Roda de leme

– Manivelas e quantidade

– Moitões do pé de mastro

– Desviadores das adriças

– Stoppers

– Mordedores

– Cunhos de amarração

– Âncora e amarra

– Equipamentos de salvatagem (em dia)

– Balsa inflável (vistoria anual em dia)

– Guincho elétrico da âncora

– Funcionamento do enrolador

– Acesso ao quadrante da roda de leme para verificação geral

– Fixação do leme na parte de cima do eixo (cana de leme)

– Escotas, adriças e cabos solteiros em geral. O estado é bom?

3. Velas:

– Possui mais de um jogo de velas?

– Marca das velas

– Velas de dacron

– Velas de materiais de regata (carbono etc)

– Velas de polipropileno (lona plástica de toldo de caminhão)

– Proteção de valuma em todas as genoas

– Spinnaker assimétrico (gennaker etc)

– Balão

– Sistema para enrolar assimétricos

– Enrolador de genoa ou garrunchos

– Genoas de tamanhos diferentes e prontas para operar no enrolador

– Muitas estrias nas valumas (olhar uma por uma – mesmo as ensacadas)

– Estado das velas (brancas, amareladas, escurecidas, mofadas)

– Saberia dizer se este barco foi ou é de competição?

– O estado geral das velas é bom?

4. Elétrica:

– Bombas de porão (quantas)

– Automáticos de bomba de porão

– Iluminação interna

– Iluminação externa (bombordo, boreste, tope, alcançado, cruzeta, cock-pit etc)

– Painel elétrico bem organizado (cores, identificação etc)

– Baterias: quantidade, marca, amperagem e data da compra (garantia)

– Sistemas alternativos de energia (gerador, gerador eólico, placas solares)

– Painel solar (quantos watts)

– Gerador eólico (quantos watts)

– Chave seletora de baterias

– Corta corrente

– Painel elétrico (fiação organizada e identificada)

– Fios estanhados ou comuns

– Tipo de disjuntores

– Iluminação led ou incandescente

– Instrumentos (ligar e desligar todos). Displays ok? Marca, funções e quantidades

– Geladeira elétrica (gelando bem)

– Freezer (congelando bem)

– Ar condicionado de píer (via shore power)

– Ar condicionado via gerador

– Microondas

– Shore power (tomada de cais)

– Alto-falante externo

– Inversor de baterias (potência)

– TV

– Antena externa e conversor

– Bow thruster (motor elétrico de proa)

– Luz de cock-pit

– Luz de convés/cruzeta

– Ventiladores

– Elétrica revisada? Data da revisão.

5. Hidráulica:

– Cones de madeira ao lado dos registros

– Mangueiras apropriadas

– Estado dos registros, mangueiras e abraçadeiras

– Vazamentos internos visível

– Foi usado Sikaflex na vedação das mangueiras junto aos registros

– Boiler de passagem

– Boiler elétrico

– Bomba pressurizadora (torneiras e duchas)

– Bomba de pé. Normalmente usada na cozinha para auxiliar na louça. Puxa água do mar.

– Bomba de porão manual

– Tanques de água rígidos (plástico ou inox)

– Tanques de água flexíveis

– Registros de separação da água dos tanques

– Tanques possuem respiro?

– Vaso sanitário elétrico

– Vaso sanitário manual

– Capacidade dos tanques de água

– Bomba para retirada de água da ducha do banheiro

– Ducha de popa

– Ducha no paiol da amarra

– Ducha no banheiro

– Hidráulica revisada? Data da revisão?

6. Interior:

– Verniz

– Estofamento em bom estado, seco e sem mofo

– Pé de mastro sobre a quilha

– Apoio do pé de carneiro (base do apoio do mastro quando apoiado sobre a cabine)

– Presença de água em baixo dos paineiros

– Presença de umidade nas anteparas

– Presença de umidade abaixo das gaiutas e vigias

– Presença de umidade abaixo dos fuzis do estaiamento

– Presença de umidade vinda de baixo e escurecimento das anteparas a partir do rodapé

– Gaiutas e vigias

– Acrílicos (estado geral)

– Capacidade tanque combustível e data da última limpeza

– Motor (só com mecânico). Vazamentos, refrigeração, correias, vibrações, cor da fumaça, caderno de revisões, última troca de óleo, uso de aditivo, última limpeza do tanque, última troca do RACOR, estanqueidade, compressão, número de horas, marca, modelo e potência.

– Motor pega fácil?

– Motor mantém a lenta?

– Ferramentas e peças de reposição (inclusive do motor)

– O estado geral do motor é bom?

– O estado geral do interior é bom?

7. Mastreação:

– Pontos de corrosão galvânica verificar do tope até o pé do mastro

– Estaiamento (estado geral e data da última troca)

– Terminais (estado geral – prensados ou Norsemann)

– Fixações do tope (antena, estação de vento, windex, amantilho da vela grande, roldanas, pinos e contra-pinos).

– Condição geral das cruzetas, sua fixação junto ao mastro e ponteiras

– Adriças, destorcedor do enrolador e estado do estai de proa lá no alto

– Pau de spinnaker completo com amantilho e burro instalados (estado das ponteiras e corrosão).

– Pinos e contra pinos

– Roldanas da retranca

– Luzes de navegação funcionando (só dá para ver à noite se fixadas no tope do mastro).

– Fixação dos instrumentos do tope

– Ferragem do garlindéu

– Ferragem da enora

– Ferragem do pé de mastro

– Base do enrolador (desgaste, corrosão, roscas e estado geral)

– Burro de mola

– Curso dos esticadores (sem curso para dar aperto)

– Curso dos esticadores (sem curso para folgar)

– A condição geral da mastreação é boa?

8. Outros itens:

– Âncora e amarra reserva

– Equipamentos de salvatagem

– Fumígenos em dia

– Escada de popa

– Balsa inflável

– Bote de apoio

– Motor de popa auxiliar (marca, ano, potência e revisões)

– Cabos de reposição

– Caixa de primeiros socorros

– Croque

– Targa

– Turco para bote

– Suporte de motor de popa no púlpito de popa

– Paiol de âncora (paiol de amarra)

– Ferragem de âncora na proa

– Suporte de âncora na popa

– Coletes salva-vidas em bom estado

– Buzina

– Sino

– Boia circular com retinida

– Facho Holmes

– Lanterna

– Refletor de radar

– Biruta de mastro (windex ou similar)

– Churrasqueira

– Mesa de cock-pit

– Bancos no púlpito de popa

– Leme de fortuna

– Cana de leme de fortuna

A próxima avaliação possui um caráter muito técnico e deve ser acompanhada por profissional. Sua eficiência se dará apenas em condições mais duras de vento e onda onde os problemas aparecerão de verdade.

9. Com o barco velejando:

– Shape das velas (ainda magras e muito gordas e cedidas – informação relativa à profundidade das velas)

– Peso do leme nas manobras a motor

– Peso do leme nas manobras à vela (sem adernação)

– Peso do leme nas manobras à vela (com adernação média)

– Peso do leme nas manobras à vela (com adernação alta)

– Manobrabilidade (vira no eixo ou ocupa um espaço maior para virar)

– Abertura e fechamento do enrolador de genoa

– Subida e descida da vela grande

– Cabos de rizo passados

– Ringidos, estalos e deformações internas ao adernar acima de 30° ou mais. Verificar se aparecem espaços nas anteparas ou diferenças no fechamento das portas internas e portas de armários.

Perguntas pertinentes:

Você se apaixonou pelo barco? Será que o próximo comprador terá a mesma sensação? É uma marca consagrada? Você buscou informações consistentes sobre a construção? Este modelo tem boa aceitação no mercado?

Faça o teste da aceitação do mercado perguntando a um broker se este modelo é bem aceito nas trocas por veleiros maiores.

Gostou do veleiro e está pensando em fazer uma proposta? Não esqueça de conferir se o documento do barco está em nome do vendedor e não hesite em pedir todas as negativas necessárias.

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