A imagem é nada menos que espetacular. Mas também
preocupante. Ela evidencia como a atividade humana está interferindo com a
atmosfera do nosso planeta. A imagem que foi preparada pela agência espacial
americana (NASA) mostra uma rodada do modelo de alta resolução atmosférica
operado no supercomputador Discover do Centro da NASA de Simulação Climática no
Goddard Space Flight Center, em Greenbelt, estado de Maryland. O modelo GEOS-5
é capaz de simular condições do tempo em todo o planeta com resolução entre 10
e 3,5 quilômetros .
O mapa-múndi é um retrato dos aerossóis que são lançados na atmosfera em uma
simulação com resolução de 10 quilômetros . Nele se observa a poeira
levantada da superfície (vermelho), o sal do mar em espirais ao redor de
ciclones nos oceanos (em azul), fumaça de queimadas (em verde) e partículas de
sulfato (em branco) decorrentes de erupções vulcânicas e da queima de
combustíveis (poluição).
Muita coisa chama atenção no mapa. Primeiro, como
enorme quantidade de fumaça das queimadas no Centro-Oeste e na região amazônica
alcança o Sul do Brasil, o que, em tese, poderia afetar a nucleação das gotas
de chuva e até a formação de cristais de neve no inverno. Isso é de grande
relevância para uma região agrícola como a nossa. Estudos sugerem que
partículas de fumaça na atmosfera podem interferir na nucleação das
gotas de chuva, diminuindo a precipitação. O problema é que estes estudos foram
feitos com base na Amazônia, onde o regime de chuva é distinto do nosso e sem a
atuação de sistemas comuns aqui como frentes frias. No mapa se nota ainda a
incrível quantidade de poeira na atmosfera oriunda dos desertos, sobretudo a
partir do Saara e do Oriente Médio. Está há muito tempo provado, por exemplo,
que a areia do Saara em suspensão sobre o Caribe tende a impactar negativamente
ciclones tropicais. A poluição atmosférica também salta aos olhos. Atentem como
os sulfatos da poluição avançam do Nordeste dos Estados Unidos pelo Atlântico
até a Europa. E como é alta a concentração de poluentes sobre a Europa e,
principalmente, no Sudeste asiático pelas emissões da China.